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sábado, 5 de maio de 2012

Propus aos meus alunos da sexta e da oitava séries a continuação de um texto a partir de um início muito curioso. Ei-lo:
"Faltavam dez minutos para meia-noite. Eu vinha para casa feliz da vida. Perto da praça, olhei para o lado e vi junto à esquina algo que me pareceu uma trouxa de roupa, um saco de lixo."
TEXTOS DOS ALUNOS DA OITAVA SÉRIE

GIULIA
               Parei ali mesmo. Observei por alguns minutos, fiquei lá mesmo naquele lugar, parecendo um louco observando um saco preto. Tomei coragem e me aproximei. Algo se mexeu. Levei um susto enorme. Deparei-me com um lindo cão, branco, aparência de filhote. O pobrezinho não chorava, não se mexia, não fazia nada além de me olhar com aqueles grandes olhos azuis implorando carinho. Abaixei-me e o peguei. Logo se acomodou nos meus braços e então me convenci que o levaria para a minha casa.
Chegando a casa todos já dormiam, luzes apagadas. Abri a porta e fiz o menor barulho possível. Ele continuava quieto nos meus braços, imóvel. Larguei-o em minha cama encostado ao travesseiro. Fui à cozinha e peguei uma tigela de leite e retornei ao quarto, ainda tomando muito cuidado com os barulhos que podiam acordar meus pais.
Cheguei ao quarto, coloquei-o no chão e assim lhe dei a tigela de leite. Ele bebeu tudo, me olhou com aquele focinho molhado, todo babado de leite. Soltei uma risada baixa.
Deitei-me na cama e o coloquei ao meu lado de forma quem ambos ficássemos confortáveis. Então adormeci. 
                Acordei com os berros da minha mãe.
- Mas ele é lindo, tão fofo essa coisa linda. 
No mesmo instante dei um pulo da cama, me deparei com aquela cena estranha. Minha mãe com aquela bola de pelos que encontrei na noite passada. Embora parecesse sonho era realidade e então a enfrentei. Contei para a minha mãe e ao meu pai e eles aceitaram.
Fiquei com ele. Eu saía menos. Cuidava e o alimentava sempre que podia. Ele cresceu e cresceu muito. Deparei-me com um akita forte, branco e saudável. Dei-lhe o nome de Heros.
Quem diria que aquela noite fria, de céu estrelado mudaria minha vida. Enfim, me peguei madura, formada e com um melhor amigo que fora o motivo disso tudo.
 
MICHELE
Aproximei-me lentamente, tentando entender direito o que era aquela coisa. Quando cheguei mais perto, estendi minha mão para tocar no saco. No início achei que fosse mesmo lixo ou roupas velhas, mas estava enganada. Olhei para os lados, mas não havia ninguém por perto. Abri o saco curiosa e quando olhei, vi que era apenas lixo mesmo. Olhei por mais um minuto e vi que algo estava brilhando. Mexi um pouco mais para ver o que realmente era e, quando me dei conta, era uma caixa. Mas não uma caixa qualquer. Ela era de ferro e tinha pequenas pedrinhas vermelhas. Peguei-a e fui para casa. Quando cheguei, corri até meu quarto, fechei a porta e fui ver o que havia nela. Abri com calma e dentro dela tinha apenas um pequeno bilhete, onde estava escrito: ''Conquistar nem sempre, desistir jamais!''
VITÓRIA MACIEL
Uma casa pequena onde morava uma família muito unida que
quase nem tinha roupas para se vestir. Lembrei- me da minha família. Nós não somos felizes. Meus pais estão sempre brigando. Poucas vezes vi minha mãe feliz. Meu pai
sempre está triste, pois o dinheiro nem sempre sobra. Às vezes eu gostaria de ser mendigo, talvez fosse feliz.
No outro dia eu fui para meu trabalho. Sou repórter. Mandaram-me
fazer uma matéria sobre pessoas carentes. Resolvi ir até a família que
morava perto da minha casa. Chegando lá, a família ficou meio surpresa
com a visita e eu disse:
-Estou aqui para fazer uma matéria sobre pessoas muito pobres e
eles começaram a falar e eu perguntei para a dona da casa:
-Vocês, sendo pobres, como conseguem ser tão unidos?
A dona respondeu:
- Dinheiro não é tudo, você não consegue comprar amizade, confiança, respeito, amor, carinho, admiração e outras coisas. Há muitas pessoas ricas que são infelizes. Prefiro ser pobre que rica e infeliz. Com certeza meus filhos vão ser alguém na vida. Podemos ser pobres, mas somos ricos em pensamentos e atitudes para melhorar o mundo.
Eu tinha acabado a entrevista, estava em casa refletindo sobre a entrevista da
família. Fui até minha mãe perguntar:
-Mãe, você me ama?
Ela respondeu:
-Claro que te amo, tudo o que eu faço é por você.
E a filha perguntou novamente:
-Você nunca me dá atenção mãe?
A mãe respondeu:
-Filha, quando estou com você sempre te cuido, te dou carinho, conselhos.
E a filha disse:
Mãe, me perdoa por não ter notado tudo que você faz por mim, por não
dar atenção suficiente a você.
Minha mãe me perdoou. Agora eu me fico mais em casa, a família está melhor. Sempre vou visitá-la. Com essa família aprendi muitas coisas. Revi minha vida, meus valores.

EMANUEL
Continuei andando para ver o que era. Quando cheguei perto, parei e pensei o que podia ser. Decidi abrir o saco. Havia uma caixa com uma chuteira. Ela havia sido de um jogador de futebol profissional. Peguei a chuteira e a levei para casa. No dia seguinte, fui jogar futebol com meus amigos. Passou um senhor e pediu meu nome e se eu me interessaria em jogar no time dele. Aceitei.
Um tempo depois, tive meu primeiro campeonato e decidi usar aquela chuteira. Com ela fiz dois gols e nós ganhamos o jogo. Ganhei vários troféus e medalhas. Eu adorava a minha chuteira. O tempo foi passando e a chuteira rasgou. Tive que comprar uma nova e com ela fui convidado para jogar num time profissional. Aceitei. Depois de um tempo, comecei a me lembrar daquela noite em que encontrara minha chuteira velha. Um tempo depois, decidi fazer o mesmo com a minha chuteira nova. Escrevi um bilhete, que estava escrito que aquela chuteira fora de um jogador de futebol profissional e quem a pegasse iria ter a mesma fama. Coloquei-a dentro de uma caixa de um saco de lixo e a levei até aquela praça junto à esquina.
JESSICA
Aproximei-me da esquina e, chegando perto, olhei para os lados para ver se tinha alguém por perto. Então, mexi no saco e dentro dele havia uma caixa; uma caixa pequena, peguei a caixa para abrir. Mas, quando fui abrir, o meu celular tocou. Era minha mãe pedindo para eu passar na farmácia para ela. Então decidi levar a caixa para casa. Coloquei-a na mochila e fui.
Chegando a casa larguei minha mochila no quarto e fui falar com minha mãe. Por um momento pensei em contar para ela sobre a caixa, mas mudei de ideia. Após isso voltei para meu quarto e abri a caixa. Dentro dela havia um filhote de gato. Era tão pequeno e estava fraco que não se ouvia o seu miado. Fui à cozinha e aqueci um pouco de leite e dei para ele, enrolando-o em uma coberta para se aquecer.
No dia seguinte, falei para minha mãe sobre o gato e ela o aceitou. Então ele virou o xodó da casa, damos muito carinho e amor para ele.
 
GUTHER TOSS
Algo estava se mexendo no lixo, mas não sabia o que era. Estava com medo de ir até lá para ver. Fiquei alguns minutos apenas observando aquele lixo se mexer. Como ele estava meio aberto, dava para ver que não era lixo, mas roupas. Toda vez que eu pensava em ir até lá, aquilo voltava a se mexer.
Com isso vi que o jeito era esperar, para ver se parava de se mover e eu pudesse ver o que realmente era. Cansado de esperar, estava me encorajando para ir até lá. De repente, o saco de lixo parou de se mexer. Pensei, agora é a hora.
Comecei a me aproximar aos poucos. Chegando lá, logo vi que era uma pessoa que estava mexendo no saco de lixo. Olhei bem e tomei um susto daqueles. Minha avó
procurava seu casaco de tricô que tinha acabado de fazer para mim, mas acabara colocando no lixo sem querer.

LUANA
               Fui lá ver o que era, claro! Eram muitas roupas...E realmente eu estava precisando, pois era um mendigo. Não tinha muito o que vestir. Havia construído uma casa de palha para mim, pelo menos para me proteger da chuva. Às vezes, era impossível me proteger. Mas porque será que eu justamente havia encontrado aquelas roupas? Ainda nele havia comida. Fiquei pensando se era sorte ou se simplesmente só coincidência ou coisa do destino como falam por aí, ou fora Deus... Achei estranho pois nunca havia encontrado tudo aquilo. Geralmente encontrava dois reais. Só que com esse dinheiro eu não comprava comida, era droga.    Há três semanas eu estava tomado pelas drogas, pois com ela me satisfazia. Havia pedido a Deus para que me orientasse e agora parado olhando para aquele saco, chovia muito forte.  De repente veio uma luz no céu, me ajoelhei e comecei a chorar. Senti uma emoção imensa. Ouvi uma voz:
               - Ei, amigo!
               Acordei. Era tudo um sonho. Meu “amigo” estava me chamado para fumar. 
               Falei em voz alta e firme:
               - Não. 
                Ainda sentia a força daquele sonho. Sabia que ao meu lado estava quem me deu a luz e hoje sei o que é viver em paz. Parei de morar nas ruas, consegui um bom emprego. Hoje posso dizer que realmente sou feliz.
 
ALESSANDRA
Ou até um monte de terra. De curiosidade me aproximei e olhei bem de perto o que podia ser aquilo. Logo começou a se mexer. Levei um susto enorme. Olhei para os lados para ver se havia alguém ali, mas não havia ninguém. Olhei novamente para ver o que era e enxerguei um homem. Todos o chamavam de Mendigo. Ele me pediu dinheiro e eu ajudei-o com dez reais. Ele me agradeceu e eu continuei a caminhada para casa. Na rua seguinte, encontrei minha amiga que trabalhava junto comigo. Contei a história para ela. Riu. Quando cheguei a casa era meia-noite. Fui dormir. No outro dia passei pela mesma rua que havia encontrado aquele homem. Ele não estava mais lá. Passava sempre por lá e não o vi mais. Espero que ele esteja bem onde estiver.
MARIA LUIZA
               Ao lado, havia uma bolsa bonita e limpa.
-  Porque alguém jogaria duas sacolas em uma esquina e as deixaria ali?,  pensei eu, que decidi esperar um pouco para ver se vinha alguém buscar elas, ninguém veio. 
                Das poucas pessoas que passavam, todas observavam, até que decidi atravessar a rua.  Eram duas trouxas normais, a diferença era o estado. Uma estava suja 
e aparentava ser velha, enquanto a outra era limpa e nova. Peguei-as e as coloquei dentro da minha mochila e fui andando até minha casa, que não era muito longe dali. Cheguei, joguei as coisas no sofá e fui me deitar. Pensei um pouco sobre as sacolas que achei, mas logo, devido ao cansaço, caí no sono.
   Levantei-me cedo, fiz o que sempre fazia todas as manhãs e logo sentei no sofá. Liguei a televisão e peguei minha mochila que estava atirada ao lado do lugar na qual eu havia sentado. Tirei as bolsas e abri a mais limpa. Não sei porque motivo  escolhi justo aquela. Desfiz o nó. Não havia nada dentro, somente um bilhete dizendo:               -
-  Bonita, chama a atenção das pessoas que passam, mas nem sempre há algo dentro.   Não entendi direito o que significava, mas larguei o bilhete e a trouxa e peguei a outra, a suja. Desfiz o nó dessa e dentro havia mais um nó e outro e mais outro. Fui desfazendo até que cheguei na última bolsa onde havia uma bela flor de plástico e um  bilhete dizendo:
               -  Na vida as melhores coisas são as mais difíceis de serem alcançadas. Além disso, não julgue um presente pela embalagem.
Pequeno Grande Time
JOÃO VICTOR
Pensei em ajuntar. Fui dar uma olhada para ver, porém, tinha algo de errado. Eram uniformes de um pequeno time de futebol. Junto havia um bilhete:
- Quem quiser este uniforme poderá pegá-lo, no entanto terá que montar um grandioso clube de futebol.
Resolvi recolhê-los. No sábado seguinte, comecei a pensar como seria o símbolo e o nome do meu time. Estava desenhando o símbolo e logo tive uma ideia:
-Se chamaria Grêmio Futebol Porto Alegrense.
Lavei o uniforme e o levei a uma costureira. Ela iria costurar o emblema do time. Divulguei nos postes, anunciados, para pessoas participarem do time. Vinte jovens apareceram.
Inscrevi o Grêmio no campeonato brasileiro. Todos os outros times tinham uniformes simples. O nosso era o mais vistoso. Havia linhas e suas cores eram azul, preto e branco. Como novatos, os outros times eram superiores a nós. No primeiro jogo ganhamos de goleada assim vi que tínhamos chances de vencer o campeonato. Isso daria aos três primeiros clubes prêmios cinco, sete mil e quinhentos e dez mil reais. Ganhamos o torneio e os dez mil. Investi em um estádio não tão grande, mas teríamos o nosso próprio estádio. Vi que o Grêmio poderia conquistar a Ámerica e o mundo.
 
 
CAROLINE
- Quem se esconde?
Chegando mais perto ouvi um barulho. Havia uma pessoa lá. Eu aterrorizado de medo, parei por alguns minutos e pensei:
- Quem será? 
 Mas eu muito curiosa tentei chegar mais perto, mas a pessoa fugiu, se escondeu. Então continuei andando. Logo em frente avistei uma sombra pela luz do poste. 
Pisei em uma posa e acabei fazendo um leve barulho e aquela pessoa ouviu e foi correndo para um banheiro químico que havia logo à frente. 
Falei várias vezes:
-  Quem é? Porque se esconde de mim? 
    Mas ninguém respondia. Sentei em um banco que tinha ao lado do banheiro esperei por horas e horas. Finalmente a pessoa resolveu sair. 
Era minha mãe. Assustei-me quando descobri que era ela, mamãe. Ela disse que estava me seguindo pelo fato de tentar descobrir o que eu estava aprontando!
 
PROFESSORA DAIANE FAGHERAZZI