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quarta-feira, 13 de junho de 2012

 INDISCIPLINA

Muitos são os dias nos quais em chego em casa e penso “O que eu devo fazer ainda para melhorar a relação professor-aluno-disciplina?”. O que ainda preciso aprender e fazer?
Diria que ser professor é ter uma grande missão. Temos muitos desafios e o maior deles é, provavelmente, conquistar a turma, fazê-la produzir mais do que o esperado, criar condições para que todos aprendam. Acredito que os educadores buscam desenvolver atividades que beneficiem e estimulem o aprendizado de seus pupilos. Além disso o que vem preocupando é justamente o comportamento dos educandos no âmbito escolar. Como reduzir a agressividade dos estudantes e ajudá-los a se tornarem mais participativos e menos indisciplinados?
Na sala dos professores, os assuntos mais debatidos são a postura perante os alunos que não param de conversar e não participam das atividades, a falta de respeito em sala, os xingamentos e as agressões verbais e físicas. É fato que a família não impõe limites e parece que cabe ao professor cumprir esse papel. Vive-se em uma sociedade em que o lar de muitos é desestruturado, pais ausentes, falta de diálogo, ausência de amor. Mas será que é missão dos professores assumirem a falta de limites e respeito, a rebeldia dos alunos? Talvez o melhor seria criar oportunidades para que pais, alunos e professores pudessem dialogar com o apoio de profissionais da área da psicologia. Acredito que palestras educativas e atividades que proporcionam aproximação de pais e filhos trariam bons resultados.
E o que se pode fazer mais para ajudar?
Não se pode falar de indisciplina sem pensar em autoridade. A autoridade se constrói, isto é, é muito diferente de ser autoritário. Talvez dizer "não faça isso", castigar seja inútil. O aluno necessita aprender a noção de limite e isso só acontece quando ele percebe que há direitos e deveres para todos. Exigir silêncio para ser ouvido, ameaçar e punir, pedir tarefas descontextualizadas são maneiras que alguns professores encontram para ter resultados positivos. Mas será que funciona? Acredito que em parte possa resolver problemas de indisciplina. Esse seria considerado o professor autoritário.
E como seria o professor com autoridade? É aquele que busca conquistar a participação com atividades relevantes, mostra os objetivos dos exercícios sugeridos, escuta e dialoga, tenta adequar os métodos às necessidades da turma, dá valor ao conteúdo de sua disciplina na construção do conhecimento, adapta os conteúdos aos objetivos da educação e à realidade do aluno, vê o aluno como um ser humano.
Mas e se o professor com autoridade não consegue resultados positivos tendo esse tipo de conduta? Talvez a solução que ele encontre seja usar do autoritarismo para ter o controle de certas situações. Reflitamos.
Creio que a indisciplina seja uma das maneiras que os alunos têm de comunicar que alguma coisa não está bem. Por trás de uma brincadeira em sala podem estar problemas familiares ou psíquicos. Talvez a saída seja dar mais atenção ao jovem, ajudando-o a entender o que o incomoda. Para isso penso que seria indispensável o acompanhamento de um profissional da área.
Em relação à agitação dos meus alunos, dou tarefas para fazer com que se sintam valorizados. Procuro incentivar o lado bom deles a fim de que percebam que são úteis. Acho que carinho e atenção dados de forma sábia podem contribuir para que sejam mais educados. Isso também pode fazer com que aquele “aluno-problema” supere o estigma. Quando algum aluno faz algo de errado peço que o mesmo escreva palavras positivas no caderno, como “Sou um aluno maravilhoso”, “Tenho um ótimo comportamento em sala de aula”, “Sou educado”, etc. Vejo a prática do elogio (caderno de elogios) como um caminho para evitar o comportamento agressivo.
Sabemos que a maioria dos problemas está em casa. Por essa razão decidi trabalhar assuntos como o relacionamento familiar. Fiz uma atividade em que eles puderam falar sobre os dramas familiares: pai alcoólatra, desarmonia familiar, entre outros. Tento sempre valorizar os alunos e procuro aliar as necessidades de ensino-aprendizagem às preferências da turma. Às vezes não funciona 100%, mas já tive bons resultados.
Penso que algumas condutas para enfrentar os “rebeldes” sejam esquecer a imagem do aluno "ideal", observar mais os alunos, conversar com os que atrapalham a aula, não rotular o aluno, procurar situações com histórias que os levem a refletir sobre o comportamento dos colegas sem expô-los, não abrir mão do objeto de trabalho (conhecimento), diferenciar as aulas (evitar a rotina). Os conteúdos podem ser atitudinais e não apenas conceituais ou factuais.
Uma boa saída seja o contrato didático. Estabelecer um acordo desde o primeiro dia de aula com direitos e deveres a serem cumpridos. Estou fazendo a minha parte.
Profa Daiane Fagherazzi