INDISCIPLINA
Muitos são os dias nos quais em chego em casa e penso “O que eu
devo fazer ainda para melhorar a relação professor-aluno-disciplina?”.
O que ainda preciso aprender e fazer?
Diria que ser professor é ter uma
grande missão. Temos muitos desafios e o maior deles é, provavelmente,
conquistar a turma, fazê-la produzir mais do que o esperado, criar
condições para que todos aprendam. Acredito que os educadores buscam
desenvolver atividades que beneficiem e estimulem o aprendizado de seus
pupilos. Além disso o que vem preocupando é justamente o comportamento
dos educandos no âmbito escolar. Como reduzir a agressividade dos
estudantes e ajudá-los a se tornarem mais participativos e menos
indisciplinados?
Na
sala dos professores, os assuntos mais debatidos são a postura perante
os alunos que não param de conversar e não participam das atividades, a
falta de respeito em sala, os xingamentos e as agressões verbais e
físicas. É fato que a família não impõe limites e parece que cabe ao
professor cumprir esse papel. Vive-se em uma sociedade em que o lar de
muitos é desestruturado, pais ausentes, falta de diálogo, ausência de
amor. Mas será que é missão dos professores assumirem a falta de
limites e respeito, a rebeldia dos alunos? Talvez o melhor seria criar
oportunidades para que pais, alunos e professores pudessem dialogar com
o apoio de profissionais da área da psicologia. Acredito que palestras
educativas e atividades que proporcionam aproximação de pais e filhos
trariam bons resultados.
E o que se pode fazer mais para ajudar?
Não se pode falar de indisciplina sem pensar em autoridade. A
autoridade se constrói, isto é, é muito diferente de ser autoritário.
Talvez dizer "não faça isso", castigar seja inútil. O aluno necessita
aprender a noção de limite e isso só acontece quando ele percebe que há
direitos e deveres para todos. Exigir silêncio para ser ouvido, ameaçar
e punir, pedir tarefas descontextualizadas são maneiras que alguns
professores encontram para ter resultados positivos. Mas será que
funciona? Acredito que em parte possa resolver problemas de
indisciplina. Esse seria considerado o professor autoritário.
E como seria o professor com autoridade? É aquele que busca conquistar
a participação com atividades relevantes, mostra os objetivos dos
exercícios sugeridos, escuta e dialoga, tenta adequar os métodos às
necessidades da turma, dá valor ao conteúdo de sua disciplina na
construção do conhecimento, adapta os conteúdos aos objetivos da
educação e à realidade do aluno, vê o aluno como um ser humano.
Mas e se o professor com autoridade não consegue resultados positivos
tendo esse tipo de conduta? Talvez a solução que ele encontre seja usar
do autoritarismo para ter o controle de certas situações. Reflitamos.
Creio que a indisciplina seja uma das maneiras que os alunos têm de
comunicar que alguma coisa não está bem. Por trás de uma brincadeira em
sala podem estar problemas familiares ou psíquicos. Talvez a saída seja
dar mais atenção ao jovem, ajudando-o a entender o que o incomoda. Para
isso penso que seria indispensável o acompanhamento de um profissional
da área.
Em relação à agitação dos meus alunos, dou tarefas para fazer com que
se sintam valorizados. Procuro incentivar o lado bom deles a fim de que
percebam que são úteis. Acho que carinho e atenção dados de forma sábia
podem contribuir para que sejam mais educados. Isso também pode fazer
com que aquele “aluno-problema” supere o estigma. Quando algum aluno
faz algo de errado peço que o mesmo escreva palavras positivas no
caderno, como “Sou um aluno maravilhoso”, “Tenho um ótimo comportamento
em sala de aula”, “Sou educado”, etc. Vejo a prática do elogio (caderno
de elogios) como um caminho para evitar o comportamento agressivo.
Sabemos que a maioria dos problemas está em casa. Por essa razão decidi
trabalhar assuntos como o relacionamento familiar. Fiz uma atividade em
que eles puderam falar sobre os dramas familiares: pai alcoólatra,
desarmonia familiar, entre outros. Tento sempre valorizar os alunos e
procuro aliar as necessidades de ensino-aprendizagem às preferências da
turma. Às vezes não funciona 100%, mas já tive bons resultados.
Penso que algumas condutas para enfrentar os “rebeldes” sejam esquecer
a imagem do aluno "ideal", observar mais os alunos, conversar com os
que atrapalham a aula, não rotular o aluno, procurar situações com
histórias que os levem a refletir sobre o comportamento dos colegas sem
expô-los, não abrir mão do objeto de trabalho (conhecimento),
diferenciar as aulas (evitar a rotina). Os conteúdos podem ser
atitudinais e não apenas conceituais ou factuais.
Uma boa saída seja o contrato didático. Estabelecer um acordo desde o
primeiro dia de aula com direitos e deveres a serem cumpridos. Estou
fazendo a minha parte.
Profa Daiane Fagherazzi
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