A partir do filme “Escritores da liberdade” foi
sugerida a tarefa de se colocar no papel de um dos alunos (personagens) e
relatar o sentimento vivido por eles.
Destaco três textos. Ei-los:
Guerra à
sobrevivência
Isso aqui é uma guerra,
provocada por pessoas irracionais que não podem lutar. E quem vai lutar? Quem
vai fazer o trabalho sujo deles? Nós, os viciados; nós, os vândalos, nós, os
gângsteres, só para sermos reconhecidos, sermos respeitados por aqueles que você
sabe que não valem a metade de seu respeito. Você sabe disto, mas não liga.
Agora você já entrou nesta vida e não pode mais sair. Não é mais uma questão de
ser respeitado ou de ser reconhecido, mas de sobrevivência.
Eles sabem onde moramos, sabem onde
estudamos e onde trabalhamos, e por que não fizeram nada ainda? Por quê? Não
pense que você é exclusividade deles. Para eles você é só um verme que deve
morrer lentamente, agonizando, pedindo, implorando por sua vida
inútil, fracassada, sua vida de altos, porém muitos baixos; sua vida sem
parentes, sem pai, sem mãe. Minha família são os manos da gangue e é por isto
que continuo nesta vida, me lembrando sempre “ Proteja os nossos, eles sempre os
protegerão”.
Luís
Minha
História
Tudo começou quando nasci. Eu era negro. Meu destino já estava escrito: nascer, crescer, gangue e caixão. Com dez anos achei uma arma, peguei-a e fui intimidar os brancos. Dei três tiros e um caiu. Fugi. De madruga ouvi umas batidas. Era a polícia. Revistaram toda a casa e acharam uma arma. Levaram meu pai. Ele pegou quinze anos. A raiva subiu à minha cabeça. Entrei numa gangue. Ali o negócio era matar ou morrer. Resolvi matar. Em uma dessas idas e vindas acabei me encrencando. Fui preso. Passaram-se cinco anos e o promotor me deu uma chance. “Você terá que frequentar a escola, senão vai voltará para cá.” Fui à escola e sempre me metia em confusão. Até que chegou uma professora que acreditou em mim. Com o passar do tempo fiz vários amigos e parei de brigar. Acho que minha vida começou a fazer sentido...
JOÃO
PEDROTudo começou quando nasci. Eu era negro. Meu destino já estava escrito: nascer, crescer, gangue e caixão. Com dez anos achei uma arma, peguei-a e fui intimidar os brancos. Dei três tiros e um caiu. Fugi. De madruga ouvi umas batidas. Era a polícia. Revistaram toda a casa e acharam uma arma. Levaram meu pai. Ele pegou quinze anos. A raiva subiu à minha cabeça. Entrei numa gangue. Ali o negócio era matar ou morrer. Resolvi matar. Em uma dessas idas e vindas acabei me encrencando. Fui preso. Passaram-se cinco anos e o promotor me deu uma chance. “Você terá que frequentar a escola, senão vai voltará para cá.” Fui à escola e sempre me metia em confusão. Até que chegou uma professora que acreditou em mim. Com o passar do tempo fiz vários amigos e parei de brigar. Acho que minha vida começou a fazer sentido...
Olhos....
Em cima deste telhado tudo é tão frio. Posso ver que as coisas não são mais as mesmas. Não podemos andar nas ruas com calma, não podemos dormir sossegados sem ouvir nenhum barulho de tiros. Não há mais famílias felizes. Os olhos da cidade contam as lágrimas que caem. Cada uma é uma promessa, uma promessa de que tudo irá melhorar e tudo ficará bem.
Ainda existe guerra. Pessoas andam armadas e com medo. Espero que um dia tudo melhore. Pergunto-me que futuro poderei dar a meus filhos. Fecho meus olhos, tentando buscar respostas. Abro-os novamente e vejo um mundo, um mundo novo, diferente, melhor.
Puxa! Mas tudo isso só faz parte da minha imaginação. E eu não sei por quanto tempo isso vai durar.
Amanda Veloso
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